Cor, flor, fruta, fantasia,
azul sabor melancia, de polposa carne rubi,
cuspindo com satisfação exemplar
caquinhos de esmeralda por ai.

Sonâmbulo passeio,
Passando a mão em meus sonhos,
como quem pousa a atenção a passos de formiga
pelos lindos bolinhos de fubá
que são os pés do filho recém-nascido,
sabendo que delícia mais gostosa não há.

Desvisto minhas sandálias
e perdido, não sei se para cima ou para baixo,
arrasto meu corpo a fundo em baias de samambaias,
agarrando jacarés pelo rabo em extraordinárias ondas de calor
descansando ameno em plenas praias de vitórias régias,
donde sopram leves ventos de algodão
abanando os fios de cabelo de meu violão.

Cantas sambas de girassol,
é carnaval em minha horta;
Hábacaxis, hábacates e hámeixas,
pegue no pé e largue de ser chato;
O amor explode na pipoca,
é felicidade em minha cidade;
Házaléas, hámores-perfeitos, hároeira,
tem pra todos e é do bom.

Frutaflor que furta minha pálida atenção,
e me leva sei lá para onde,
sei lá, me leva bem pro meio do cu
de uma fruta-do-conde
que beijo docemente,
lambendo negras sementes,
recitando do pontal da língua
gargarejos de poetas gregos.

O sino balinês indica que pelas portas da percepção mais um convidado entrou. Peço para que me acompanhe e lhe ofereço um chá de folhas sativas, enquanto conversamos em línguas enroladas sobre animosidades na sala de convivência de nosso inconsciente. Percebemos que tudo está como deveria, no lugar do que deveria ser, assim que lhe questiono se a altura que o tapete está não lhe causa náuseas, respondendo-me que a tontura lhe faz bem em um mundo de normais.